14 de outubro de 2014

Integração Sensorial

Sabemos que é através dos sentidos que vamos interiorizando informações e que vamos percebendo o mundo que nos rodeia. Quando estes falham ou ficam alterados, o acesso ao mundo fica perturbado não possibilitando a correta percepção e interação.


A integração sensorial é então o processo pelo qual o cérebro organiza as informações de modo a dar uma resposta adaptativa adequada. É um processo de organização das sensações do próprio corpo e do ambiente de forma a ser possível o uso eficiente do mesmo no ambiente. As nossas capacidades de processamento sensorial são usadas para a interação social; o desenvolvimento de habilidades motoras e para a atenção e concentração.
O PROCESSAMENTO SENSORIAL inclui a recepção de um estímulo (Registro Sensorial), a transformação do estímulo num impulso neurológico (Orientação), a percepção consciente do estímulo (Interpretação) para então a execução uma resposta adaptativa adequada. As funções de processamento sensorial ocorrem num continuum e de uma forma rápida e inconsciente. (Um exemplo deste processo é a reação após tocar numa superfície quente)
Todos temos dificuldade em processar determinados estímulos sensoriais (um certo toque, um cheiro, paladar, som, movimento, etc) e todos temos preferências sensoriais. Só se torna um transtorno do processamento sensorial, quando estamos em extremos do continuum, ou seja, torna-se uma "experiência perturbadora, desagradável”, com flutuações imprevisíveis que exercem um impacto significativo nas atividades do dia-a-dia e na capacidade de desenvolvimento.
É essa ruptura que gera uma disfunção neurológica chamada Transtorno do Processamento Sensorial.


O Transtorno do Processamento Sensorial podem afetar negativamente o desenvolvimento e as habilidades funcionais, quer sejam no comportamento, motoras, cognitivas, quer sejam ao nível emocional.
          O Transtorno Sensorial poderá:
- Afetar o comportamento da criança (ex: impulsivas, desatentas, distraindo-se facilmente);
- Prejudicar os seus movimentos (nível de atividade alto ou baixo, descoordenado ou desajeitado, caindo e tropeçando frequentemente);
- Influenciar a sua capacidade de aprendizagem (dificuldade em concentrar-se, perturbar-se com os ruídos, distrair-se com estimulação visual);
- Influir na sua relação com os outros e a sua autoimagem (dificuldade em relacionar-se com crianças da mesma idade, demasiado sensíveis ou críticos, demasiado ansiosos ou receosos, tendendo a isolar-se ou frustrar-se facilmente). Pode impedir uma criança de brincar e de experienciar as interações fundamentais para a aprendizagem e interação social.
O medo, ansiedade ou desconforto que acompanha estas situações cotidianas podem perturbar significativamente as rotinas diárias no ambiente familiar e escolar.
Os pais podem ter dificuldades em lidar com os problemas decorrentes do processamento sensorial, muito antes das crianças ingressarem no ensino escolar! Estes distúrbios podem tornar-se mais evidentes quando a criança entra na escola (educação infantil) e podem persistir na idade adulta.

A função principal dos sistemas sensoriais é realizar a tradução da informação contida nos estímulos ambientais (externos e internos) para a linguagem do sistema nervoso (sentir calor, detectar odores desagradáveis, sentir quando se está desequilibrando, quando se deve fazer força ou pegar algo suavemente para não amassar, etc.).
As alterações podem ocorrer num ou em todos os sistemas sensoriais, incluindo táctil, auditivo, visual, gustativo, olfativo, proprioceptivo e vestibular.
São esses sentidos que devem ser avaliados com cuidado:
- Tátil: o sentido do tato; resposta dos receptores da pele sobre o toque, pressão, temperatura, dor e movimento dos pelos sobre a pele.
- Auditivo: contribuição relativa aos sons, a habilidade de perceber corretamente, discriminar, transformar e reagir a sons;
- Oral: Relativo à boca, a habilidade de perceber corretamente, discriminar, processar e responder aos paladares ou a estímulos dentro da boca;
- Olfativo: relativo ao cheiro, uma habilidade de perceber corretamente, discriminar, processar e responder a diferentes odores.
- Visual: relativo à vista, a habilidade de perceber corretamente, discriminar, processar e responder ao que se vê.
- Vestibular: situado no ouvido interno responsável sobre as reações ao movimento e equilíbrio.
- Proprioceptivo: o sentido da "posição". Como o cérebro interpreta a posição do corpo, peso, pressão, alongamento, movimentos e alterações na posição. A capacidade de perceber espacialmente, cada segmento corporal em particular ou o corpo como um todo, tanto em situações estáticas como nas atividades que demandam movimento (dinâmicas).
Todos temos alguns tipos de preferências sensoriais e talvez até um leve um caso de "disfunção". No entanto, é a frequência, intensidade, duração e impacto funcional desses sintomas o que determina a disfunção.
          Para concluir, é importante reter que:
- A integração sensorial é uma desordem neurológica, não uma criança mimada, um produto de uma má educação, criança desafiadora.
- São reações a estímulos sensoriais específicos. É relativo a entrada, organização e utilização das informações sensoriais para interpretar o seu ambiente e fazer o corpo reagir e estar de prontidão para aprender, mover, regular os níveis de energia e emoções, interagir e desenvolver-se adequadamente.

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